Resistência em Vinil: Última Loja de Discos de São Paulo

Resistência em vinil: a saga de uma das últimas lojas de discos de rua de São Paulo

Na década de 1990, o Museu do Disco, fundado por Nazaré Avedissian, contava com 14 filiais. Atualmente, a única loja remanescente no centro de São Paulo se transformou em um nicho, sobrevivendo graças a colecionadores de música e filmes, além de estudantes de cinema.

Nazaré Avedissian, aos 14 anos, decidiu que queria ser patrão de si mesmo. Após trabalhar como office-boy e vendedor, ele conseguiu economizar e, em 1965, comprou a loja Orbradil, transformando-a no Museu do Disco, um verdadeiro marco em raridades e vinis importados. Nos anos 1990, Nazaré chegou a ter 14 lojas e quase 100 funcionários, mas o advento do MP3 e outros fatores reduziram seu império. Hoje, ele mantém uma das últimas lojas de discos de rua da cidade, atendendo a um público fiel de colecionadores e estudantes de cinema, oferecendo uma vasta gama de vinis, CDs, DVDs e Blu-rays importados. Segundo Nazaré, o segredo para a longevidade do negócio é o atendimento personalizado.

Um início memorável

O ano de 1958 é lembrado na história da música brasileira pelo surgimento da bossa nova, de João Gilberto, e pela estreia em disco de Celly Campello, além da conquista do primeiro mundial de futebol no exterior. Para Nazaré, essa data também marcou o início de sua trajetória profissional. Em seu primeiro emprego como office-boy em uma distribuidora de tecidos, ele trabalhou arduamente, e logo decidiu que não queria ser empregado de ninguém. Após poupar dinheiro por sete anos, ele estava pronto para abrir seu próprio negócio.

A fundação do Museu do Disco

Em 1965, Nazaré adquiriu a Orbradil, cujo antigo proprietário estava mais interessado em investir em boates. Com um parcelamento favorável, Nazaré percebeu que a loja precisava se destacar no mercado. Ele decidiu se especializar em rock e começou a comprar discos usados, criando um sistema de encomendas com viajantes que traziam novidades do exterior. Essa estratégia levou à mudança do nome da loja para Museu do Disco, que se tornaria uma referência em raridades na cidade.

A ascensão do negócio

Com o passar dos anos, Nazaré estabeleceu uma sólida rede de contatos com pilotos e comissários de bordo, que traziam discos de países como Estados Unidos e Europa. Seu sucesso permitiu que ele conseguisse acordos de exclusividade com gravadoras internacionais. Durante a década de 1990, Nazaré chegou a empregar quase 100 pessoas em suas 14 lojas, incluindo várias em shoppings renomados de São Paulo.

Desafios e adaptação

Com o advento do MP3 na segunda metade da década de 1990, as vendas despencaram, resultando no fechamento de várias lojas, incluindo as filiais de Nazaré. Ele não atribui a queda apenas à tecnologia, mas a uma combinação de fatores, incluindo a concorrência crescente. Em 2004, ele se mudou para o local onde permanece até hoje, adaptando seu negócio às novas demandas do mercado.

Com a pandemia de covid-19 e o fim da fabricação de CDs e DVDs no Brasil, Nazaré intensificou a importação desses produtos, e com a recente retomada da produção, seu negócio se fortaleceu. Atualmente, seu público é formado por colecionadores e estudantes de cinema, que buscam clássicos para seus estudos.

O serviço e a experiência do cliente

Nazaré acredita que um bom vendedor deve ter educação e conhecimento sobre os produtos. Ele se esforça para atender as necessidades de seus clientes, muitas vezes surpreendendo-os com itens inesperados. Ele observa que os serviços de streaming não abalam seu negócio, pois muitos colecionadores preferem ter o filme físico em casa, especialmente aqueles que buscam extras e conteúdos especiais.

Com orgulho, Nazaré se considera a última loja de discos de rua de São Paulo. Ele destaca a diferença entre sebos e lojas que vendem produtos novos. A lealdade de seus clientes é evidente, com muitos tratando-o com carinho e respeito, resultado de uma longa história de dedicação e amor pela música.

Nazaré resume sua trajetória com satisfação: “Eu queria ser dono de mim mesmo”.


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