Bienal de São Paulo: Abertura da 36ª Edição com Diversidade Artística
A 36ª Bienal de São Paulo, um dos eventos mais importantes de arte contemporânea da América Latina, terá início neste sábado, com a participação de 120 artistas de aproximadamente cinquenta países. Com uma programação rica e gratuita, a expectativa é reunir cerca de 800 mil visitantes ao longo de quatro meses de exposições e atividades, um mês a mais do que o habitual. Este ano, a Bienal visa atrair um público mais jovem, buscando aumentar o número de visitas escolares e promover um maior acesso à cultura e à arte.
Uma Nova Perspectiva na Curadoria
Esta edição marca a primeira vez que uma dupla feminina ocupa os cargos de presidência e vice-presidência da Fundação Bienal de São Paulo. Andrea Pinheiro e Maguy Etlin foram escolhidas para liderar a curadoria, trazendo uma abordagem inovadora ao evento. Para a seleção do curador principal, Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, um comitê de oito pessoas foi formado, rompendo com a tradição de decisões unilaterais. Essa mudança reflete uma busca por diversidade e inclusão nas vozes que compõem a Bienal.
Exposições e Obras em Destaque
Os visitantes poderão percorrer os amplos salões do Pavilhão projetado por Oscar Niemeyer, onde uma variedade de linguagens artísticas e nacionalidades se encontram. Entre as obras que compõem a Bienal, destaca-se a instalação “A Casa de Vovô Bené” de Ana Raylander Mártis dos Anjos, que combina elementos de arte e vida cotidiana. Outra atração é a série de tapeçarias da artista nigeriana Otobong Nkanga, que abrirá os dois pisos superiores do pavilhão, trazendo um diálogo entre tradição e contemporaneidade.
Além disso, a artista Precious Okoyomon criou um jardim dentro do espaço expositivo, utilizando elementos naturais para refletir sobre a relação humana com a natureza. Esta obra é um exemplo da busca por experiências sensoriais que transcendem o visual, engajando o público de maneira mais profunda.
Interatividade e Elementos Digitais
Um dos objetivos da Bienal é proporcionar uma experiência interativa e dinâmica. Com isso, a equipe curatorial incorporou elementos digitais e tecnológicos em algumas obras, criando um ambiente mais vibrante e envolvente. Segundo os curadores, essa abordagem não foi intencional, mas emergiu naturalmente do processo criativo que envolveram viagens internacionais e encontros semanais ao longo de mais de um ano.
A inclusão de performances artísticas ao longo do evento também amplia as possibilidades de interação. Artistas como Alexandre Paulikevitch e Dorothée Munyaneza farão apresentações na Casa do Povo, no Bom Retiro, contribuindo para um diálogo contínuo entre arte e comunidade.
Uma Arquitetura que Dialoga com a Arte
O projeto arquitetônico da Bienal, assinado por Tiago Guimarães e Gisele de Paula, a primeira arquiteta negra a participar do evento, foi pensado para minimizar o uso de paredes e salas fechadas, promovendo uma circulação fluida entre as obras. Essa configuração permite que as obras dialoguem entre si e com o espaço, enriquecendo a experiência do visitante.
Expectativas e Impacto Cultural
Com a ampliação do período de exibição, espera-se que a Bienal atraia um público diversificado, com uma especial atenção voltada para crianças e jovens. A meta é alcançar 100 mil crianças através de programas educacionais, enfatizando a importância do acesso à cultura desde a infância. A Bienal não apenas se propõe a ser um espaço de exposição, mas também um ambiente de aprendizado e troca cultural.
Os curadores enfatizam a importância de criar um espaço onde a arte possa servir como um reflexo das complexidades do mundo contemporâneo, abordando temas como identidade, pertencimento e a condição humana. Ao oferecer uma plataforma para diferentes vozes e experiências, a Bienal de São Paulo reafirma seu compromisso com a diversidade e a inclusão, consolidando-se como um evento essencial no calendário cultural global.
Informações Práticas
A Bienal ocorrerá no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, localizado no Parque Ibirapuera, com acessibilidade para cadeirantes. O evento estará aberto ao público de 6 de setembro de 2025 a 11 de janeiro de 2026, com entrada gratuita. Os organizadores esperam que a Bienal não apenas celebre a arte, mas também promova um diálogo significativo sobre o papel da cultura na sociedade contemporânea.
